sábado, 3 de agosto de 2013

A pior de todas elas.


Madascigarrets

Ela se revira na cama de trinta a cinquenta vezes por noite antes de conseguir dormir. Com os olhos abertos e a mente mergulhada em pensamentos, ela se dá conta de que a madrugada será longa. Se levanta, busca um copo de café e seu caderno. Hora de escrever. Esse é um dos raros momentos em que se encontra em paz. A eclosão de incógnitas dentro de si vai se transformando em calmaria enquanto tudo aquilo se transforma em palavras. Mesmo que seja por um momento, aquele momento é de paz. O dia nasce, a batalha para fechar os olhos foi vencida. Agora, era necessário sobreviver aquele mundo. Um mundo em que sabia que não a pertencia. Onde as pessoas possuem valores por fora, mas se encontram vazias por dentro. Lugares apáticos, sem vida. Um buraco, um abismo no qual ela tenta fugir. Ela só tem a si mesma e mais nada. Por escolha própria. Sua alma lhe implora misericórdia, implora piedade consigo mesma, implora vontade de viver de verdade. E daí? Ela não se importa com isso, deixou de se importar a muito tempo. Deixou de se importar com tudo á sua volta. Fizeram com que ela deixasse de se importar. Fizeram com que as palavras que eram ditas a ela, lhe machucassem, lhe ferissem, lhe fizessem sentir a dor de uma estaca cravada contra o peito. Como ela sofreu. E ainda sofre. Felizmente, as feridas cicatrizaram. Infelizmente, seu coração se tornou pedra maciça. O corpo? Esfriou. Sentimentos? Oh, ela tem. Vários deles. Mas eles se tornaram vazios em meio á tudo. Ela não expõe seus sentimentos. Prefere guardá-los para si mesma, os mantendo em constante inquietação. Porque tem medo. Medo de se envolver, medo de viver, medo de quebrar seu coração por mais ''resistível'' que seja. É insegura, mas nunca deixará transparecer tamanha fraqueza. Ela o clamufla isso e mais um pouco com seu orgulho interminável, sua teimosia tão teimosa, e com seu sarcasmo pertinente, que transparece a cada duas frases que diz. Ela se diz fria, mas é louca para que alguém descubra o quão fervorosa pode ser. É a contradição, a discórdia e a oposição. Ela é tudo isso e mais um pouco, ela é a exceção de tudo. Se ela é feliz? Nem a própria sabe. Só se sabe que durante as madrugadas, seus olhos se fecham, mas a mente se abre. Os pensamentos se formam, e os sentimentos exalam. Os problemas passam, a utopia fica. E a pergunta? Se repete.

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Obrigada por comentar. Isso faz uma escritora muito feliz ><